quarta-feira, 30 de julho de 2014

Dor derradeira

Entardecer, céu vermelho
Reflexo de sangue no mar
Ela queria morrer
E depois ressuscitar

De si mesma abandonada
Se deixava entorpecer
Sua dor era tamanha
Que nem o mar quis beber

Zumbi, alma roubada
Já nem sentia o sal
Das lágrimas incessantes
Que não cessavam o mal

Naquele princípio de noite
Ela quase sucumbiu
Mas precisou continuar
Depois que o mar a cuspiu

De certa forma, morreu
E veio à luz novamente
Mas já não era mais ela
Era alguém diferente

Era mais forte e mais viva
Mais feliz e mais inteira
Era mais ela que antes
Depois da dor derradeira


Jamila Saleh

Um comentário: