Dor derradeira
Entardecer, céu vermelho
Reflexo de sangue no mar
Ela queria morrer
E depois ressuscitar
De si mesma abandonada
Se deixava entorpecer
Sua dor era tamanha
Que nem o mar quis beber
Zumbi, alma roubada
Já nem sentia o sal
Das lágrimas incessantes
Que não cessavam o mal
Naquele princípio de noite
Ela quase sucumbiu
Mas precisou continuar
Depois que o mar a cuspiu
De certa forma, morreu
E veio à luz novamente
Mas já não era mais ela
Era alguém diferente
Era mais forte e mais viva
Mais feliz e mais inteira
Era mais ela que antes
Depois da dor derradeira
Jamila Saleh
Com o começo começa o fim. Com o fim, um novo começo.
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